O ano letivo começou na última quinta-feira (14) em grande parte das escolas públicas  do país. Junto com as aulas, tem início também o Pacto Nacional pela  Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). Ao todo, 4.997 municípios dos 26  estados mais o Distrito Federal concluíram o processo de adesão ao pacto  até dezembro de 2012, o que representa 89,8% dos municípios do país.  
 Outros 328 aderiram parcialmente, não concluíram o processo de adesão ou  não se manifestaram. Apenas oito optaram por não firmar o acordo que  tem como objetivo assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas  até os 8 anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.
 Para que o Pnaic seja implementado, desde o anúncio do pacto, em novembro do ano passado,  o Ministério da Educação (MEC) trabalha na formação de uma rede que  envolve estados, municípios, universidades e escolas na capacitação,  ensino e avaliação da fase que compreende o ciclo da alfabetização: 1º,  2º e 3º anos da educação básica.
 Um total de 37 universidades públicas é responsável pela formação  dos orientadores de estudo que por sua vez serão responsáveis pela  capacitação dos professores alfabetizadores. De acordo com o calendário  proposto pelo MEC, a formação dos orientadores acontece desde dezembro  do ano passado em alguns estados. Até março a primeira etapa da formação  - 40 horas do total de 400 horas, 200 por ano até 2014 - será concluída  e será a vez dos professores receberem as aulas - com carga horária de  120 horas por ano.
 "O  Pnaic é um projeto nacional firmado com todos os entes federativos.  Cada um tem uma responsabilidade grande para que o processo de  alfabetização seja bem sucedido. Com o plano, haverá um diálogo  nacional. Ao mesmo tempo é importante que saibamos guardar as  especificidades de cada localidade e que os professores possam criam em  cima do material disponível", diz Regina Aparecida Marques de Souza,  coordenadora do Grupo de Estudos em Letramento em Educação da Infância e  do programa na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).
 A UFMS programou a formação dos orientadores para o período de 4 a 8  de março. São esperados 245 professores formadores que partirão para os  municípios a fim de capacitar os 5.238 professores alfabetizadores da  rede pública do estado. Assim como a UFMS, outras nove universidades com  as quais a Agência Brasil entrou em contato estão otimistas com o pacto.
 O material para a capacitação, desenvolvido pela Universidade de  Pernambuco (UFPE) com a colaboração de 11 instituições de ensino  superior foi elogiado pelos coordenadores do pacto. O material, no  entanto está disponível apenas na versão digital. "O material só foi  liberado na versão final no início de janeiro de 2013. Muito tarde para  conseguir cópias impressas para as primeiras formações", diz o  coordenador-geral do Pnaic na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia  (UFRB), Jaylson Teixeira. Na universidade, a formação dos primeiros 442  orientadores vai do dia 18 ao dia 22 de fevereiro. Eles serão  responsável pela formação dos docentes de 155 municípios.

 
 
A Universidade Federal de Sergipe (UFS) tomou a iniciativa de  complementar o material com slides e vídeos, para facilitar a absorção  do conteúdo. A primeira etapa do curso de capacitação já foi realizada  pela universidade do dia 28 ao dia 30 de janeiro e nos dias 5 e 6 de  fevereiro, totalizando as 40 horas previstas. Para o professor e líder  do Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização, Discurso e Aprendizagens  (Geadas) da UFS, José Reicardo Carvalho, "a capacitação ainda está no  início, estamos observando".
De  acordo com o Censo Escolar de 2011 do Instituto Nacional de Estudos e  Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no qual se baseia o  planejamento do Pnaic, há cerca de 380 mil docentes lecionando do 1º ao  3º anos do ensino fundamental, que devem ser capacitados e receber um  material desenvolvido para auxiliar no planejamento das aulas. Para cada  grupo de 25 professores está previsto um orientador. O MEC estima que  serão cerca de 18 mil orientadores.
 O Pacto receberá investimento de R$ 3,3 bilhões em dois anos. Para  incentivar a participação dos profissionais serão oferecidas bolsas de  R$ 200 mensais para o professor alfabetizador; R$ 765 para o orientador  de estudo; R$ 765 para o coordenador das ações do pacto nos estados,  Distrito Federal e municípios; R$ 1.100 para o formador da instituição  de ensino superior; R$ 1.200 para o supervisor da instituição de ensino  superior; R$ 1.400 para o coordenador adjunto da instituição de ensino  superior; e R$ 2.000 para o coordenador-geral da instituição de ensino superior.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),  entre 2000 e 2010, a taxa de analfabetismo no Brasil, até os 8 anos de  idade, caiu 28,2%, com variações entre os estados da federação, e  alcançou, na média nacional, uma taxa de alfabetização de 84,8% das  crianças. Entre as regiões, existe uma diferença na taxa de  analfabetismo, a maior está no Nordeste, 25,4%, seguido do Norte, 27,3%,  Centro-Oeste, 9%, Sudeste, 7,8% e Sul, 5,6%. O estado com a maior taxa  de analfabetismo é Alagoas, 35%, e o com a menor é o Paraná, com 4,9%.